Crônicas, contos e narrativas do passado, de gente que vive na ilha do Pico, ou estão espalhadas pelo mundo e tem muitas estórias para contar. Mande seu conto.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Estação Baleeira de Santo Amaro do Pico

 por Francisco Medeiros
Embora não se saiba ao certo a data do início da caça à baleia em Santo Amaro na ilha do Pico, a mesma terá começado nos finais do século XIX. Sabemos que em 1898 existiam duas armações baleeiras: uma pertencente a Manuel José Teixeira e Outros, que era conhecida pela Companhia Baleeira dos Teixeiras, e uma outra de Baltazar Luís Sarmento e Outros. Nestas duas armações grande parte dos baleeiros também era sócia.
Os botes conhecidos tinham os nomes de Santo Amaro, Santa Ana, São Joaquim, Santo Agostinho e Espírito Santo.
Foram oficiais destes botes, mestre Manuel José Teixeira, Estulano Nunes Teixeira, José Francisco d'Ávila, José António de Matos, este ao tempo com 81 anos de idade, João Luís, Amaro Nunes e José Teixeira Soares, este oficial baleeiro de renome tinha a alcunha de Caçapinha, embarcou de salto da marca das cavalas pela calada da noite numa baleeira americana, onde exerceu a caça à baleia.
Dos trancadores, pela sua destreza, destacou-se Manuel Lopes, que mais tarde também foi oficial. Este Manuel Lopes foi condecorado com a medalha de Socorros a Náufragos pela Rainha D. Amélia aquando da visita Régia à Horta, em 28 de Junho de 1901, por ter salvado, junto ao Porto de Santo Amaro, duas moças, uma de Santo Amaro e outra da Ribeirinha, que foram apanhadas por uma vaga de mar ao passar pelo varadouro, quando iam para a escola, que funcionava junto ao Porto.
Outro trancador foi António Costa, que desapareceu preso à linha do arpão depois de trancar uma baleia, acidente ocorrido, em 2 de Outubro de 1917. António Costa era pai de José Teixeira Costa, que possuía em Santo Amaro do Pico um estaleiro de construção naval.
 Após este acidente, os baleeiros suspenderam a caça à baleia em Santo Amaro do Pico motivados pelo pesar dos familiares.
Conta-se que, depois de a baleia ter sido rebocada para terra, os baleeiros quando procediam ao seu esquartejamento tentaram procurar o inditoso baleeiro nos intestinos da baleia, mas foram infrutíferas as suas diligências.
Em Santo Amaro a vigia de baleia situava-se no Caminho de Cima e abrangia uma curta área do canal Pico/São Jorge, limitada à potência dos óculos de alcance e binóculos ao tempo utilizados.
A vigia era feita alternadamente nos meses de Verão, quando o tempo o permitia, pelos baleeiros com mais experiência. Destes baleeiros vigias os que mais se distinguiram foram o Manuel Grande, que também foi oficial baleeiro, o Manuel Lopes, que era trancador e mais tarde foi oficial, o Manuel Jacinto, o Manuel António de Oliveira, o António Costa e outro com a alcunha de Carapanta, que também foi oficial baleeiro.
Há ainda a referir em Santo Amaro do Pico mais dois oficiais baleeiros, Manuel António da Terra e Ricardo Vargas, a quem foram concedidas cartas de oficial baleeiros em 1920 e 1921, respectivamente.
No tempo as baleias eram rebocadas para o Porto pelos próprios botes, onde eram esquartejadas. Os toucinhos e as gorduras eram derretidos em caldeiros a fogo directo, em instalações cobertas, do lado Oeste do Porto Santo Amaro, junto à costa. Consta que naquela estação baleeira, no século XIX, terão sido derretidas baleias caçadas por uma Armação Baleeira da Calheta do Nesquim.
A caça à baleia em Santo Amaro do Pico terminou em Outubro de 1917, na sequência do referido acidente.
Alguma desta informação, foi-me fornecida por marítimos de Santo Amaro do Pico, alguns já falecidos.
Vila de São Roque do Pico
Julho de 2011-07-31

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A CAPUCHA E A CRIZE


por Francisco Medeiros
Estava ouvir alguns comentadores da SIC, a pronunciar-se sobre a entrevista de João Ferreira ao Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, sobre a situação económica Portuguesa actual, provocada por especulações de vária ordem.
Quase no final os comentadores trocaram argumentos sobre a cobrança de impostos pelos prestadores de serviços individuais, nas pequenas empresas, no pequeno comércio, e os que em geral vedem qualquer produto, ou prestam individualmente qualquer serviço. Serviços, e vendas que com recibo acrescem mais IVA, mas sem recibo nem tanto...dividimos a meias, ganham os dois? Há ainda alguém quem duvida que os Portugueses são mestres no desenrascanço? É lindo...entendem-se perfeitamente, e cá vamos à nossas vida que ninguém nos dá nada? Andam é a assaltar-nos as algibeiras?
Isto porque o número dos desempregados que em quase todos os sectores vai aumentando assustadoramente, há que conseguir uns biscates, para comprar o pão de cada dia!
Fiscalização só de porta em porta, não estou a ver os pagadores de impostos, em pé atrás duma bicha para pagar impostos.   
Ao ouvir aqueles comentadores, lembrou-me de uma senhora que tinha a alcunha de “Capucha”,( Já fiz várias diligências para saber o nome de senhora mas não consegui ) que nos anos cinquenta, vinha de Santa Luzia vender fruta para o Cais do Pico.
Aquela senhora foi a primeira a pagar Imposto por Conta quando foi levar a linguiça a casa do Dr. Tiberio e este sem saber da dádiva, lhe cobrou  a consulta que no tempo  eram 70$00, sem lhe passar recibo. No tempo não se pagava IVA?
Ela não só reembolsou a linguiça, pois foi pela cozinha dizer que a restituíssem, como a foi vender por 100$00, tendo ganho em toda a operação 30$00, isto tudo sem recibo ou pagamento de IVA.
Vai ser lindo... vai?
Quem muito abarca pouco aperta!
Desde a freguesia dos Campeões Nacionais de Voley


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