Crônicas, contos e narrativas do passado, de gente que vive na ilha do Pico, ou estão espalhadas pelo mundo e tem muitas estórias para contar. Mande seu conto.

sábado, 15 de outubro de 2011

ARQUIPELO DOS AÇORES DOS FACHOS AOS FARÓIS

Autor: Francisco A. Medeiros
No arquipélago dos Açores dos Açores após o povoamento, todas as Ilhas eram bordejadas por navios corsários ou de piratas que praticavam saques e pilhagens aportando a praias, baías ou enseadas, para saquearem os haveres das populações, pelo que estas para se prevenirem na guarda dos seu haveres, tiveram que montar vigias de dia e de noite em locais elevados que alcançassem um vasto e amplo horizonte.
Os navios piratas eram, uma ameaça constante nos mares entre os séculos XVI e XVIII.
Os indivíduos escolhidos para esta tarefa eram chamados de “vigia do facho” tinham conhecimentos para distinguir os navios que abordavam as praias ou costa. Tinham ainda outra função a de a de acender o facho convencional aos barcos de transportes de passageiros e mercadorias assinalando a localização dos Portos para embarque ou desembarque, durante a noite.

Os “fachos” eram acesos durante à noite quando se aproximavam barcos e de dia colocavam uma bandeira em locais visíveis às populações. Estas elevações passaram a chamar-se pico do facho, cabeço do facho ou somente facho. No arquipélago São conhecidos os “Pico do Facho” na Ilha da Graciosa , o Pico do Facho na Ilha da Santa Maria e o Pico do Facho no Monte Brasil na Ilha Terceira. Há ainda o Facho próximo de um caminho a que chamam a volta do facho numa elevação sobranceira à freguesia de Ponta Delgada na Ilha das Flores, o Pico Facho na Ponta da Espalamaca elevação sobranceira ao Norte da baía da Horta e o Cabeço do Facho ao Oeste do Farol da Ribeirinha na Ilha do Faial. Ainda na Ilha Terceira há o Facho, elevação ao Norte da baía da Praia da Vitória, hoje conhecida como o Miradouro do Facho, onde foi erigido um monumento a que dão o nome de Santa do Facho.
É possível que existam outros pontos elevados no Arquipélago que tenham servido para neles se acenderem fachos, mas não foi possível saber-se.
Qualquer destas elevações, de valor histórico, é hoje autêntico miradouro acessível a quem as queira visitar, pois abrangem belas panorâmicas.
No Continente português, terá sido construído na Foz do Douro em 1527, um Farol de Fogo e Facho em conjunto com Capela de São Miguel o Anjo, considerado a mais bela relíquia da farolagem portuguesa ao que parece o mais antigo de Portugal e um dos mais antigos da Europa foi mandado construir pelo Bispo de Viseu D. Miguel da Silva.
Em 1957 ainda lá estava o local onde se acendia o fogo a servir de facho.

Com o evoluir da navegação e civilização, foram desaparecendo os fachos e em seu lugar foram aparecendo os Faróis .nome por que são designados na gíria marítima todas as luzes que servem para guiar a navegação, assinalar posições em terra, a proximidade de locais perigosos para a navegação, assinalar Ilhéus, baixios ou bancos e ainda os colocados em bóias flutuantes, no chamado sistema de balizagem para guiar a navegação no percurso em canais, ou rios.
Actualmente, quase todos os faróis usam a energia eléctrica, mas nem sempre foi assim .
No inicio eram utilizados vários produtos como lanha, carvão, óleos de origem animal, nomeadamente o de baleia, e petróleo este só apareceu na segunda metade do século XIX, e alguns farolins utilizavam gás butano. Há ainda outros que actualmente usam painéis solares De referir, que existem faróis, que funcionam automaticamente com aparelhos tão complexos, que realçam onde pode ir a imaginação humana.
A palavra Farol, deriva da palavra grega Pharus nome que era dado à pequena Ilha com o mesmo nome, ligada por uma represa ao porto de Alexandria no Egipto. As condições perigosas para os navegantes e a costa pantanosa na região obrigou a que fosse construído um Farol que foi inaugurado em 270 anos a.C. No alto do Farol foi montado um espelho cuja reflexão durante o dia podia ser visto a mais de 50 quilómetros e durante a noite sobre um pêndulo ardia uma fogueira de lanha ou carvão.
Construído em pedra e revestido mármore branco o ponto mais alto atingia mais de cem metros. O Farol da Alexandria pela sua fama passou a integrar uma das sete maravilhas do Mundo no século VI da nossa era.
O mais antigo farol em Portugal constante de uma lista oficial de faróis, data de 1772, construído no Cabo da Roca e o mais antigo dos Açores foi construído em 1876, na Ponta do Arnel na costa Oriente da Ilha de São Miguel.
Só em 1892 é que os Faróis, passaram para o Ministério da Marinha, com um quadro de pessoal próprio, devidamente habilitado com conhecimentos de todos os sistemas de iluminação.
Hoje existem nos Açores e no continente faróis instalados em edifícios de rara beleza arquitectónica.

Esta é uma homenagem a todos os meus parentes, nove tios e primos que em três gerações, desempenharam as funções de FAROLEIROS nas Ilhas do Arquipélago do Açores, com excepção do Corvo. Um dos quais António Medeiros se encontrava no Vulcão do Capelinhos, quando se deu a Erupção Vulcânica em 1957.

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Francisco A. Medeiros