Crônicas, contos e narrativas do passado, de gente que vive na ilha do Pico, ou estão espalhadas pelo mundo e tem muitas estórias para contar. Mande seu conto.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O PORTO DO CALHAU DA MADALENA


                                                                                                                       Autor: * Francisco Medeiros



O Porto do Calhau situado no Lugar do Monte, na freguesia da Candelária do concelho da Madalena na Ilha do Pico nos Açores, até à década de 50 do século passado, servia uma população desde o lugar do Campo Raso até ao Lugar do Monte de Baixo da mesma freguesia. Segundo Gaspar Frutuoso, as únicas freguesias existentes na “Fronteira“ eram a Madalena e São Mateus esta criada em 1580 com uma população muito dispersa entre matos com 364 habitantes vivendo em 52 fogos. A freguesia da Candelária não existia.
A única referencia à zona onde hoje se situa a freguesia da Can- delária, refere aquele autor a uma ponta onde se carrega muita madeira chamada Calhau de Domingos Gonçalves o Ruivo.
Curioso é que atualmente na matriz predial rútica do concelho da Madalena e referente à freguesia da Candelária há um sítio do cabeço do Ruivo, próximo da zona onde se situa o Porto do Calhau.
Em 1645 segundo Frei Diogo das Chagas já existia a freguesia da Candelária, e em 1690, segundo Frei Agostinho de Montalverne com 273 habitantes em 71 fogos.
Segundo Norberta Amorim a freguesia da Candelária em 1831 terá atingido os 2258 habitantes, talvez o maior número de sempre até agora registado.
O Porto do Calhau servindo aquelas duas freguesias Candelária e São Mateus, chegou a possuir três barcos que atravessavam o Canal transportando mercadorias: Para o Faial madeiras, lenha para queimar, vinhos e aguardentes e muita fruta; Para o Pico, bens de consumo, milho e farinha e outros.
Foi ainda um porto de pesca em cuja rampa de varagem chegou a ter cerca de 20 embarcações de pesca, que forneciam peixe às populações da freguesia.
Durante o Verão no Porto do Calhau tinha um certo movimento, para ali convergiam muitos passageiros e mercadorias.
No Inverno com ventos e mar do Quadrante Nordeste, antes e depois de reparado, o Porto do Calhau servia recurso às lanchas do Pico quando o Porto da Madalena se tornava impraticável!
O Porto do Calhau, serviu ainda de apoio uma Industria de peixe Gata, do qual depois de laborado se extraia o peixe que era salgado e seco ao sol, a pele lixa e o óleo dos fígados que eram exportados para o Continente e para o estrangeiro. As Traineiras da safra do Atum também ali descarregavam o peixe com destino à Fábrica da Cofaco, na Areia Larga no Concelho da Madalena.
No final da década de 50 do século passado, a Direção Geral dos Serviços Hidráulicos, estabelece uma Delegação na Ilha do Faial, chefiada pelo Engenheiro Corbal Hernandez, e em 1954 iniciam-se a grandes reparações em três Portos do Pico:
Porto do Calhau que se tornou numa obra de grande volume. O cais acostável, foi todo construído de novo, construíram-se muros de abrigo ao cais e a rampa de varagem de embarcações foi toda calcetada.
No Cais do Pico, foi reparado o cais acostável, construiu-se o muro de defesa do varadouro e acesso ao Porto.
Na Calheta do Nesquim, construiu-se o cais acostável, e muro de resguardo e a rampa de varagem para embarcações.
O Porto do Calhau, ficou concluído à cerca de sessenta anos! Precisa de uma intervenção profunda no seu piso!
Muito aguentou com o mar do Oeste quando rebentava na baixa do Canal e se atirava por terra dentro.
O Seu varadouro necessita de uma reparação e muro de defesa do lado Norte do varadouro, necessita ser reconstruido pelo menos 10 metros a partir do HZ
Da Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo
Setembro de 2012
* Francisco Medeiros é autor do livro Homens de Olhos Encovados & Outras Estórias de Homens do Mar”Saiba mais...