Crônicas, contos e narrativas do passado, de gente que vive na ilha do Pico, ou estão espalhadas pelo mundo e tem muitas estórias para contar. Mande seu conto.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ilha do Corvo vivencias - Meios de comunicação


                                                                                  por Francisco Medeiros
Na Ilha do Corvo em 1959, existia uma estação de correios dos CTT., no edifício da Estação Meteorológica do Corvo situado a cerca de um quilómetro da Vila em local sobranceiro ao pontinho da areia com um funcionário Manuel Patrício, chefe da estação, e um carteiro, de nome Jorge para onde era encaminhado e recebido todo o correio.
No dia que o navio escalava o Corvo, pelo menos uma pessoa de cada casa se deslocava à estação, para receber correio, quando assim não acontecia a distribuição era feita no outro dia.
A Estação dos Correios estava ali instalada em virtude daquela Estação Meteorológica possuir um rádio de comunicações TSF, pelo sistema Morse, operado pelo chefe, por onde eram transmitidos e recebidos todos os telegramas.
A Ilha do Corvo possuía uma das mais importantes estações meteorológicas do Arquipélago, e possivelmente do Atlântico Norte. Funcionando em regímen de observações, 24 horas dia, com 4 Observadores Meteorológicos: Fernando Rocha, Óscar da Rocha, António Luis André e Carlos Corvelo e um contínuo Manuel Joaquim Vicente, que também fazia observações.
Da leitura dos aparelhos de observação de hora a hora, era elaborada uma mensagem em código com grupos de cinco algarismos, transmitida pelos observadores pela TSF. A mensagem era transmitida para a Estação Radionaval das Flores, passava pela Estação Radio Naval da Horta e dali até centro de Previsão em Santa Maria que elaborava a previsão para todo Arquipélago.
Não havia telefones nem comunicações radiotelefónicas com o exterior.
 Outros meio de comunicação com o exterior, além do navio Carvalho Araújo, que mensalmente escalava a Ilha, havia os navios Cedros e Arnel da Empresa Insulana de Navegação. Estes navios por vezes não tinham contacto com a Terra em virtude das condições do tempo não o permitir. Quando assim era provocava algumas carências de bens alimentares e outros.
Além dos navios havia uma pequena lancha a motor de boca aberta de Gregório Luis André, policia reformado, que era seu proprietário e mestre. Esta lancha fazia contactos entre a freguesia de Ponta Delgada e a Vila de Santa Cruz das Flores, pois aquela freguesia a mais Ocidental de Portugal não era servida por estrada. Esta lancha fazia algumas viagens à ilha do Corvo, transportava a mala de correio, alguns passageiro e pequenas encomendas.
Os barcos do Corvo que faziam o transporte de mercadorias e passageiros aos navios que faziam escala na Ilha, também quando as necessidades a isso obrigavam faziam algumas viagens às Flores.
Eram armados com 4 remos, utilizavam uma vela latina triangular, suportada por uma vara em madeira, fixa pelo meio a um curto mastro na bancada central.
 Fiz uma viagem num destes barcos do Corvo para Santa Cruz das Flores, que durou quatro horas num percurso de 15 milhas. Viagem com pouco vento, que de vez em quando amainava, ficando o barco parado. Recordo-me que com a sua fé os tripulantes oravam à “Coroinha” de São Lourenço, para que mandasse vento mas com moderação.
Quase todas as famílias possuíam um recetores de rádio alimentado a pilhas ou baterias carregadas com aérodinamos de onde ouviam notícias.
De uma maneira geral o Corvino procuravam informar-se do que se passava no Arquipélago e no País. Além disso alguns recebiam revistas e jornais que chegavam do exterior.
Vila de São Roque do Pico
Maio de 2012